sábado, 29 de junho de 2013

52 - Educação musical - Analfabetismo funcional musical - Amusia


Analfabetismo funcional musical: Música é educação e saúde. A ausência de educação musical é comparável ao analfabetismo funcional, entendo. Seria uma espécie, como intitulo acima, de um "Analfabetismo funcional musical". Partiremos explicando a diferença entre o escutar e o ouvir. No "escutar", nossos ouvidos estão captando tudo, independentemente da nossa vontade e apreciação. É como se estivessem "ligados" 24 horas, e isso é uma realidade até no momento do sono. Ou seja, não podemos desligar nossos ouvidos. É muito comum escutar-se música ante a um trânsito barulhento, com fones de ouvido na rua, no carro com pessoas falando "em cima" da música, em lugares públicos coletivos, como praias, com caixinhas de som em alto volume e até distorcendo, fazendo com que as pessoas gritem para poder conversar, impedindo a conversa em tom normal de voz, sem forçá-la; enfim, em diversas situações semelhantes a essa. A isto eu chamo de "escutar música", não de "ouvir música". Ouvir música é um ritual, que poucos dedicam-se e não sabem o quanto de saúde perdem com esse deleite. No escutar, você não aprecia as notas musicais, seus harmônicos e a voz do cantor ou cantora, côro e tudo que nela está. Simplesmente porque há uma sobreposição de barulho ambiental ou simplesmente muitas vozes sobrepondo-se à música. Já ouvir música, é um ritual: Você se posta numa sala, num sofá, por exemplo, silêncio total ou quase e assim, de boca bem fechada, ouve! Aprecia a música e a extensão da voz ou vozes do cantor. Ou simplesmente música, erudita ou não, necessariamente não precisa ser uma canção. Neste momento, você está apreciando a música, treinando seu cérebro para cada vez mais perceber sons. Detalhes nesses sons... E este ato, de preferência, deve ser exercitado em um sistema padrão, qual seja o que utiliza, além de uma boa aparelhagem captadora e amplificadora do som que contém na mídia escolhida (LP, CD, SACD, DVD-A, Blue-ray, HDAAC, Fita de deck de rolo, Fita cassette, mp3, wav, etc.), um par de caixas acústicas que cubram todo o espectro sonoro audível, que vai de mais ou menos 7 hertz a 20 kilohertz, embora haja cápsulas de toca-discos que atinjam os 100 Khz e isso não quer dizer que vamos escutar essa freqüência, mas mostra evidentemente a delicadeza do sistema de suspensão agulha-cantilever-elastômero que se traduz na prática na maior capacidade de acompanhar as ondulações do sulco de forma praticamente perfeita - Chamo isso de sensibilidade de trilhagem. (Embora haja controvérsias no sentido de que só escutamos até 15, 20 kilohertz do espectro ou mais, porém, entendo que o corpo também "ouve", não só os ouvidos, mas com os pelos e cavidades do corpo humano [Seios da face, por exemplo, estômago, no caso dos graves e "super-graves"]). Poderíamos comparar esta situação saúde, no que diz respeito à nutrição alimentar, onde, você, para estar saudável, deve estar abastecido de todas as vitaminas que o corpo precisa. No caso, da vitamina "A", passando pela "B", "D" até o Zinco. Assim sendo, recomendaria às pessoas que parassem para pensar neste tema, no que diz respeito a entender a educação musical de áudio como saúde! Não só exercícios e alimentação! Mas música sim, e de boa qualidade escutada em silêncio! Eu insisto nesta idéia de uma "educação musical de áudio", por ser importante para nossa saúde. Nisto está inclusa a educação musical do som ao vivo, especialmente a música acústica, aquela que soa de instrumentos não-elétricos. Ela é a base para a audição. É a referência para os ouvidos e para afinar nossos equipamentos caseiros de som e também a sala, no que diz respeito a algum tratamento acústico - Para evitar excesso de absorção de sons agudos ou excesso de reflexão dos mesmos. Sem isso, sem essa educação musical, nos tornamos verdadeiros analfabetos funcionais musicais, pois escutamos mas não ouvimos. E não temos referencial para um treinamento auditivo. Além disso, resta o engano, pois nossa compreensão do que seja um "bom som" fica obviamente prejudicada. Finalmente, música bem escutada é saúde, mais do que provado estão seus benefícios para o ser humano, o que amplamente já foi divulgado em revistas e em outros meios de comunicação, envolvendo estudos de zonas cerebrais e efeitos inclusive curativos. E por último, a amusia, que é a incapacidade de distiguir qualitativamente sons, o que não se confunde com a falta de referência sonora de boa qualidade, que atinge a geração atual e que é culpa de uma indústria brasileira de equipamentos de som "Low-Fi", seja, equipamentos de péssima qualidade presentes no mercado, alimentado pela "cultura mp3" que privilegia quantidade em detrimento da qualidade. (Em época não tão distante, povoavam as prateleiras modulares vindos do Japão e Estados Unidos, por exemplo. Hoje, o povoamento é “Made in RPC”). Não sou contra a audição para mera distração, descompromissada de uma dedicação exclusiva à música em silêncio de uma sala; aquela onde apenas quer-se a presença da música no nosso quotidiano barulhento; no carro no trânsito; em casa em meio a conversas (Tendo cuidado sempre com o volume da música aliado ao barulho externo); mas defendo a busca de uma audição de qualidade, pois além de referência musical e prazer, é, comprovadamente, pelos mais recentes estudos médicos, que música bem ouvida é saúde.