sábado, 29 de junho de 2013

34 - Minha tese é a de que o que escrevo é uma luta pela preservação da arte e consciência da música como tão arte intangível quanto a escultura, a pintura, o desenho, a poesia, a rima, o romance


A gravação digital ou numerizada é uma releitura da arte e não uma leitura, como deveria ser. O propósito de VINIL NA VEIA é a luta pela preservação da arte e consciência da música como tão arte intangível quanto a escultura, a pintura, o desenho, a poesia, a rima, o romance... etc. Sabemos que a música, letra mais som só se transforma em arte no momento em que se manifesta fisicamente no ar. Como é necessário "cristalizar" este evento, materializá-lo para posteriormente repetí-lo, surgiu o que se conhece como "gravação". Assim, a energia é armazenada em processos físico-eletrônicos. A primeira materialização da energia sonora se chama transdução, que é a transformação de energia sonora em energia elétrica. No processo analógico, ela só é convertida uma vez (em eletricidade) e depois reconvertida em som. No processo digital, não: há duas conversões até a reconversão em som. E aí é que está o problema: Na medida em que a energia é destruída para transformar-se em mera informação, o processo criativo do artista desapareceu para dar lugar a outro processo criativo, ainda que imbuído de uma restauração do original. A arte é intangível, após a sua criação. Mesmo que o artista a alterasse, já seria outra arte, e não a anterior! É por isso que afirmo que a gravação digital é uma releitura da arte, e não uma leitura como deveria ser. Porquê? Porque o processo digital parte de um sinal analógico, enquanto o sinal analógico parte da onda sonora real! O sinal analógico é a primeira interpretação do real. Já a "onda digital, é resultado de uma amostragem da onda analógica, do sinal analógico. Ou seja, é uma releitura do real, uma releitura da arte-música, som. E mais: uma releitura violadora da arte, e não uma leitura da arte preservada, intacta. É óbvio, que o ideal seria que o som pudesse ser "congelado" em toda sua duração, em um recipiente "fisicamente ideal", impossível até de se imaginar com o que conhecemos sobre ciência hoje em dia. Então o sistema de registrar analogicamente é o que mais se aproxima disso! Conclusão: A arte deve ser respeitada, assim como o seu destinatário, o homem, que tem o direito de acessá-la in natura, sem interferências. De outro modo, não será a arte do artista, mas a do produtor do estúdio. E como é impossível que a música, inclusive as canções, musicadas ou não, sejam geradas diretamente no modo digital, a codificação do analógico (leia-se: digitalização), sempre será uma conspurcação, uma deterioração da arte musical. O propósito de vinilnaveia não é confrontar opções tecnológicas, mas, além de outras coisas, de lutar pela preservação da arte musical, chamando a atenção das pessoas que a música é tão arte quanto uma escultura, uma pintura ou outra manifestação artistica a ser intangida e respeitada.