A equalização padrão RIAA desnatura o evento original no
processo analógico? A equalização RIAA é distorção? Claro que não! Para alguns, a inclusão de "colorações",
de freqüências extras ao sinal, significam distorção! Primeiro, afasto essa
idéia fantasiosa de coloração como inerente ao analógico e ao vinil. Não
concordo e justifico meu ponto de vista. Alguns
produtores musicais dizem que toda vez que "se mexe" no sinal, mesmo
em uma gravação analógica ponta-a-ponta, como por exemplo, com o uso de um
equalizador e que isto seria distorção! Pergunto Musical ou
conceitual-matemática?
Ora, preliminarmente: Se não
distinguirmos sinal gravado de sinal reproduzido - E não há distinção, pois o
segundo é apenas a captura e amplificação do primeiro, basta que aumentemos o
volume dos graves ou agudos de um amplificador para estarmos
"distorcendo" segundo este conceito-matemático colocado como
"conceito técnico de distorção". Para alguns produtores musicais.
Resta lembrar aos defensores destes conceitos que há um outro conceito de
distorção: O conceito de distorção musical. E este, ao meu ver, é o
mais importante. Primeiro, defendo que o conceito acima narrado está equivocado
porque não há distorção quando não mexemos na integridade da energia da onda,
quando não mexemos na sua essência, na sua composição matemática representada
por uma grandeza uniforme e teoricamente infinita e variável em decibéis
sinal-ruído e em espectro de freqüências. Quando não alteramos a
"substância" original (Sinal elétrico), quando não modificamos as
milivoltagens das tensões elétricas que a compõem de forma grosseira como no
digital (Compõem a senóide, a onda musical, seus níveis de milivolts) ou quando
não mexemos na relação entre elas - elas permanecem exatas! (Aí entra a
equalização padronizada pela RIAA que os defensores do "conceito
técnico" de distorção mencionam). Acrescer
não significa retirar o anterior. Equalização é mexer com quantidade (dB
SPL RMS) de som para cada freqüência (volume) e não com a sua composição, com a
relação matemática dos níveis de milivolts num plano cartesiano, por exemplo.
Para mim, num conceito muito mais útil para a musicalidade, ou seja, narrando
aqui um conceito musical de distorção,
esta seria a saturação do sinal de áudio, entendendo-se como saturação algo que
antes era musical, numa aberração sonora, grosseiramente evidente ao ouvido
de um simples ser humano (Homem médio) . Dentro desse conceito musical e não
técnico de distorção, distorcer no meu entender seria saturar o sinal de áudio
tornando desagradável aos ouvidos, como
uma confusão ruidosa de sons. Este conceito musical de distorção seria
aquele que prejudicaria grosseiramente a estética do som, um resultado
grosseiro de uma interferência humana, voluntária ou não. Mais abaixo, no final desse item,
coloco um exemplo de raciocínio lógico para explicar. Por enquanto, vamos só na
técnica. A curva de equalização foi um caminho achado pelos engenheiros de
áudio para fazer com que coubessem mais músicas dentro de um LP, isto porque os
movimentos laterais amplos da agulha de corte geravam sulcos muito largos no
momento de graves de corte do vinil fazendo que num LP coubesse poucas músicas.
Aí resolveram fazer uma equalização reduzindo os graves e aumentando os agudos,
já que estes produziam expansões laterais menores no estilete de corte, gerando
assim um sulco menos sinuoso, e,
consequentemente, teriam os engenheiros mais músicas gravadas. No momento da
audição do LP, toda essa parte da curva reduzida em RMS era recuperada na fase
de phono dos amplificadores domésticos ou profissionais, ou seja, levantada aos níveis do master original. E
porque RIAA? RIAA vem do inglês "Recording Industry Association of
América", ou Associação Americana das Indústrias de Gravação. Foi a
Associação que acabou impondo (Ou a dela foi escolhida democraticamente?) a sua
curva de equalização, posto que antes haviam várias equalizações: A da
Columbia, a da RCA, a da Victor, DECCA, EMI, Capitol, Mercury e outras que
relacionarei adiante. Então para padronizar, já que discos equalizados
diferentemente tocando em aparelhos de som também com equalizações não
correspondentes geravam prejuízo na audição e vendas além de muita confusão. Aí
a comunidade industrial de gravadoras reuniu-se e entenderam-se e passaram a
utilizar uma curva padrão para todos os acordantes. Voltando ao assunto
inicial, sobre "porque a equalização não mexe na energia da onda, é como
se eu desse a você, numa primeira visita na minha casa, um suco de mamão com
laranja, natural. Todo natural. Se eu coloco mais mamão ou menos mamão no 1º
suco na 1ª visita que v. me fez, eu
estou mexendo com quantidade: Mais mamão, menos mamão e mais laranja e
assim por diante, e esse suco pode conter até mais coisas, mamão, laranja,
acerola, enfim... Isso é mexer com quantidades, isso seria uma analogia
metafórica à equalização (RIAA). Se eu mexo nas freqüências mas não altero a sua
substância, sua composição física, não
interfiro no sinal. Agora se eu mexo na composição, aí a questão é outra: Exemplo metafórico: Numa segunda
visita sua na minha casa, na falta do
mamão, eu dou a você um suco de
laranja natural misturado com "Tang" de mamão (Aquele saquinho
com o pozinho de essência de mamão dentro). Pois é, é parecido mas não é a mesma coisa. Eu alterei o original, porque essência de mamão não é mamão. Essência de
acerola, não é acerola. A digitalização desnatura, corrompe a série harmônica
de Fourier (Componentes de Fourier). E não recria os Formantes presentes nos
instrumentos, absolutamente não os
recria! (Um maestro saberia bem dizer melhor o que é formante -
Personalidade sonora de um instrumento, pois cada instrumento soa ímpar). É
isso: a equalização RIAA pode mexer com o volume das freqüências do evento
original, mas não as desnatura; não as destrói. E digitalizar som é como se você quisesse mandar uma estátua de
aleijadinho p'ro Japão, mas quisesse mandá-la dentro de um grande envelope:
Você fotografa a estátua, tritura essa estátua, reduz tudo a pó e coloca no
envelope ou saco de encomenda. Lá no japão, você refaz a massa e esculpe
tudo de novo segundo a foto. É a
estátua de aleijadinho ou é a sua estátua? Você codificou a estátua, não
foi? Com a finalidade de recompô-la em outro lugar, não foi? Pois é.
Codificação é isso. A energia é
original é destruída, o processo criativo desapareceu para dar lugar a outro
processo criativo. Isso é digitalização, numa imagem silogistica. Não se
discute a beleza, a pureza de sua estátua-cópia, mas com certeza não é mais a
estátua do artista Aleijadinho. A gravação digital agride a intangibilidade da
arte, relendo-a e maculando-a na sua originalidade. Ou seja, voltando para o tema "distorção", para alguns,
distorção é alteração do sinal original quando inclui-se freqüências extras,
mesmo que ruídos de fundo, estalos, "aquecimento do som" ou outros
harmônicos ou siplesmente coloca-se um equalizador na cadeia de produção do
máster. Refletindo o mesmo tema agora ajudado pela disciplina Raciocínio
Lógico ou Lógica: No meu entendimento, distorção pode ser isso apenas
tecnicamente, mas não será jamais distorção musical. Necessariamente inclusão
de freqüências no sinal original não significa distorção. Eu sempre defendo
aqui que o sinal do vinil é inviolado, perfeito, fiel na medida do possível,
pois não é "fatiado" no conversor para depois ser reconvertido.
Repetindo: É como se, para eu transportar uma estátua de arte para o Japão,
como exemplo, uma das estátuas de Aleijadinho da Igreja em Ouro Preto, eu
colocasse a estátua em um moedor e transformasse tudo em pó, para, levando em
pequenos saquinhos, reconstruir essa mesma estátua lá no Japão, tudo para não
ter que carregar uma estátua grande e pesada. Lógico, Mesmo que ela seja
reconstruída por computador e robótica, não será a mesma obra de arte de
Aleijadinho, jamais. Ou seja, o fato do som do vinil ter "colorações"
(Não acredito nisso! Nas tais
colorações!), não significa que ele tem um som distorcido. Ele está
apenas acrescentado de coisas que podem ser julgadas como boas ou ruins para o
ouvido, se é que as tem, pois dependerá de cada engenheiro "retocar"
demais uma máster, pondo excesso de eco, por exemplo. É uma questão de lógica:
Vejamos: É lógica pura. (Lógica é disciplina obrigatória em vários cursos
superiores de humanas). Comparemos a frase abaixo, ao sinal original de áudio:
Maria é bonita. (Frase original, sem distorções de sentido lógico). Maria é
muito bonita. Maria é muito bonita e inteligente. Maria é muito bonita e
inteligente e tem um marido esforçado. Repare que nas três frases, a oração
Maria é bonita não se modificou. Portanto não houve distorção no seu sentido;
não houve alteração no sentido sobre a beleza de Maria. Maria continua sendo
bonita apesar dos acréscimos. Agora se eu digo: Maria é mais ou menos bonita.
Maria é mais ou menos bonita e inteligente. Maria é mais ou menos bonita e
inteligente e tem um marido esforçado. * Repare como houve uma distorção de
sentido em relação à beleza de Maria, apesar dos acréscimos. É isso que eu
tento dizer. Mas por muitos não sou entendido. Para muitos da eletrônica de
áudio, é isso: Acrescentou, distorceu. Ao meu ver, carência de raciocínio
lógico. Muitos saberes são transmitidos e retransmitidos ao longo do tempo
erroneamente e às vezes sem uma reflexão de sua verdade. Isso é muito comum em
matérias relativas a ciências exatas. É o que chama-se em psicologia de
transmissão de modelos de comportamento e teorias velhas, inexperimentadas
novamente ou requestionadas, numa analogia à psicologia. Logo, "fatiou", não é mais o som
original". Frase minha. Raciocínio lógico puro. Raciocínio
dialético.