sábado, 29 de junho de 2013

16 - Os vinis brasileiros da época em que se fabricavam vinis aqui


Os Vinis Brasileiros das décadas de 70 e 80: O Problema da Gramatura do disco de vinil: O Brasil nunca ofereceu em grande parte de sua produção vinis de boa qualidade, comparado aos de lá de fora. Raras foram as exceções de LP's produzidos aqui de 130, 140, 160, 180 e 200 gramas de vinil puro (Da melhor qualidade; formulação correta do PVC). Aqui lamentavelmente chegou-se até a produzir LP's com PVC reciclado das sobras das bordas de aparas na fabricação. Mesmo assim, muitos honrados engenheiros de áudio produziram belíssimas gravações, como por exemplo, os LP's de Fafá de Belém e Maria Creuza, Caetano Veloso e Gil; outros do selo Som Livre, só para citar alguns exemplos. Claro que eu não escutei o universo todo dos vinis brasileiros e não quero ser injusto com as exceções, boas fábricas e bons engenheiros de áudio. Mas havia muitas gravações medíocres por causa do material vinil de péssima qualidade (E masterizações feitas por aventureiros), fino e às vezes vinil requentado (Produto de sobras como já falei, rebarbas do aparo após a prensagem). Vinil PVC era material importado dos EUA, principalmente, a peso de dolar, muito caro na época. E p'ra piorar, não havia a educação técnica que existe hoje, nas principais mídias televisivas e de imprensa, inclusive as comerciais. Agulha não possuía informação de validade (500 a 800 horas em média), não se falava em ressonância de cantilever, de headshell e braço, que poderiam causar sons médios "rachados" e a imagem do vinil pagava caro com isso, pois a danificação dos sulcos era certa ou mesmo a reprodução, pífia. Manipulação e manutenção incorretas eram fatos comuns, com os toca-discos e LP's. Nenhum fabricante ensinava como se lavava LP's, como a EMI decentemente uma vez ensinou em um Álbum de Ópera de Maria Callas, uma mistura de 50% de água destilada e 50% de álcool, embora este método esteja equivocado, ao meu saber (Vide meu blog Limpeza de Vinis). Mas é fato de que a indústria fonográfica brasileira nunca ofereceu mesmo muitos vinis de excelente qualidade: A maioria das gravadoras, na época, ou por limitações econômicas conjunturais ou talvez aproveitando-se do desconhecimento da imensa massa consumidora da época, só ofereciam vinis de 100 a 125 gramas, com uma qualidade apenas aceitável. A coleção dos Beatles, aqui no Brasil, era oferecida em LP's de 125 gramas! Incrivelmente tínhamos LP's até de 90 gramas. A maioria dos vinis importados, de 130, 140, 160, 180 e 200 gramas, bem masterizados e prensados, quando comparados com os nossos nacionais, demonstravam qualidade infinitamente superior. E também no exterior quem fazia este trabalho era exclusivamente um engenheiro de áudio, pessoa formada para isso, o que não ocorria no Brasil, onde nem todos que estavam à frente de uma Cortadora (Lathe Cutter) eram engenheiros com especialização em áudio. Na época, o grande público desconhecia o que era qualidade de corte e prensagem, aceitando normalmente esses tipos de vinil de "segunda". O povo brasileiro só veio a incorporar a noção de qualidade sonora (Mas só em termos de pureza, apesar das restrições acima) a partir do advento do CD, pois este passou, num primeiro momento, a ser "a" referência em termos de pureza de som, que por muito tempo foi confundida com fidelidade e qualidade absoluta. Hoje a PolysomBrasil deixou esse nome para ser apenas Polysom e é de João Augusto, dono da Deckdisc. Ele comprou a PolysomBrasil e todo seu acervo, recuperou e melhorou a capacidade técnica da fábrica. Ainda estão gravando no acetato de forma digital, usando uma mídia digital como máster, o que não é o ideal, pois uma mídia analógica com todas as suas qualidades deve provir de uma fonte também analógica, com o uso de Tape Machines, aqueles grandes gravadores de rolo com fitas magnéticas de 2" e rodando a 30 ips (Inch per second ou polegadas por segundo). Ou seja, o processo de gravação todo de forma analógica. Contudo, soube que na fábrica existe um gravador com essas características em fase de recuperação justamente para essa finalidade.