sábado, 29 de junho de 2013



Este conteúdo é o mesmo do meu blog Vinil Na Veia, registrado na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro em 2008.

1 - Introdução ao tema CD versus Vinil


A questão do Vinil versus CD tem sido palco de muitos e acalorados debates, principalmente na internet, onde existem várias publicações sobre o tema. Contudo, notam-se defeitos muito graves na abordagem de um tema que é um misto de científico e sociológico, sendo o principal deles a falta de uma pesquisa profunda e fundamentada. Primeiro, a começar pelo termo incorreto "digitalização", que só é mencionado no Brasil: O termo correto e usado no resto do mundo é numerização. Numa visão inicial, já dizemos de saída: O Disco de Vinil é a primeira cópia exata do som real. O Disco Digital é a segunda cópia inexata do som real. Não existe som real digital: Originalmente, ele é analógico. E a questão da exatidão e da inexatidão é matemática. (A palavra "cópia" é uma metáfora usada mundialmente em áudio. Claro; até porque não se pode copiar um evento puramente físico, como é o som no ar). (E a cópia a que aqui refiro-me é a cópia comercial, pois tecnicamente falando, a primeira cópia é o master). Mas continuando, há diferenças que marcam um e outro: Partindo do ponto de vista técnico-científico, iniciaremos com o problema do sampleamento para o "digital" (Sintetização imperfeita), o que quer dizer o seguinte: O sinal analógico é especializado e é um espelho do som real do que a banda tocou. Já o sinal digitalizado ou numerizado (Como já disse, é termo correto e no resto do mundo só é falado assim, principalmente por não-leigos) é simples; é uma amostra. O sinal numerizado nem cópia pode ser chamado, já que cópia deve ser matematicamente fiel: Trata-se de uma semelhança do sinal; não um espelho do sinal elétrico real, como é o sinal analógico: Exemplo de som analógico comparado ao som real: Imagine-se diante de um espelho: Ele reflete sua imagem com perfeição, mas não é você! Percebeu? O digital seria uma imagem de um espelho, então. Ou seja, o primeiro é mais complexo nas suas informações e o segundo muito menos complexo; no CD o método é eletrônico-óptico-digital; no vinil o método é eletrofísico (O vinil é uma grande palheta - seus sulcos tocam a agulha como quem toca o captador de uma guitarra); falam que o analógico "colore" o som (Pelo menos ele acrescenta, não retira, acrescenta coisas boas e possivelmente ruins, estas últimas a depender da afinação do equipamento e cuidados com a lavagem do vinil); o digital purifica o som, é certo, mas sacrifica a especialização do sinal; isso aparece com alguma percepção de seu ouvido na péssima definição dos agudos altos; o vinil tem uma largura de banda útil teoricamente infinita em kHz, pois não há um limite teórico para inserir-se sons em um sulco. Enquanto isso, o CD tem uma faixa de freqüência máxima de 22.5 kHz e o SACD e outros discos de codec, em torno de 48 kHz. Aumentar a amostragem? Não adianta, pois a "medição" (Quantização) pelo conversor continuará imperfeita e isso deprecia os harmônicos, além de não existir algoritmo que permita amostragens próximas ao infinito, e, lembrando que a cada aumento de amostragem, aumenta-se o "lixo", o ruído, o erro de "dither", que tem que ser dispersado aleatoriamente para não prejudicar o resultado. Importante estudo você pode ver em http://sonsultrassonicosnovinil.blogspot.com/, de minha autoria, demonstrando estudos sobre o assunto. Na maioria dos tocadores de discos digitais a banda de 48 kHz simplesmente não existe para tocar corretamente os conhecidos "Discos de Codec" (SACD; DVD-A; XRCD etc.). (Os fornecedores evitam dar dados oficiais). Isso ocorre principalmente nos tocadores de fabricação de massa, muito comentado pela crítica especializada; vide revistas de áudio de credibilidade. Também determinados amplificadores (Os de baixa qualidade, independente da potência se autolimitam por causa de seus circuitos baratos e ruins em face de componentes eletrônicos internos, trilhas de placa e contatos) reproduzirem uma faixa de freqüências, de, no mínimo, 48 kHz. É importante ressaltar que audiofilia é como se fosse uma corrente com vários elos: Exige-se qualidade do tocador (De CD ou de Vinil, nesse último, importante é o conjunto cápsula e braço, além da isenção de vibrações externas) + Qualidade dos circuitos de um amplificador + Qualidade sonora da caixa acústica+Qualidade das saídas RCA de todos equipamentos e dos cabos + Correção acústica da sala onde estão instalados os equipamentos+Boa masterização da mídia a ser escutada + Boa qualidade de rede de alimentação de sua residência, sem a interferência de freqüências espúrias na rede advinda de eletrodomésticos ou lâmpadas fluorescentes, resultado de um projeto elétrico ruim+Lavagem correta do LP ou Vinil, se esta é a mídia. Não há amplificadores iguais em resposta de freqüência, como muitos pensam. Podem muito bem serem iguais em potência.

2 - Relação sinal-ruído do CD e do Vinil


Continuando, a relação sinal-ruído (Noise Floor) do LP é melhor que a do CD acima de 500 hertz: O Vinil tem uma relação sinal-ruído, abaixo dos 500 hz, de -50dB SPL. Acima disso, ganha do CD: A relação aumenta para -96dB SPL, enquanto a do CD fica em -88dB SPL sinal-ruído (Christine Tham). Nesse quesito, o CD só é melhor nas "zonas de silêncio", onde o vinil volta aos -50dB SPL e o CD mantém -88dB SPL. No entanto, o Vinil conta com o incrível "bônus" de possuir sons ultrassônicos no momento da reprodução do som, representados por transientes no gráfico espectral (Pesquisadora Christine Tham, graduada em Ciências da computação pela Austrália). Falam em distorção tanto no analógico quanto no digital, uma vez que se você coloca um equalizador na cadeia do sinal a ser gravado, já estaria distorcendo - Inverdade, pois perda não é erro. Erro se tem no digital. E perdas temos nos dois sistemas e em qualquer circuito fabricado neste mundo humano! (Perdas tem-se até nos "Linhões" de altíssima tensão - 750.000 volts ou 750 KVA).

3 - Conceito eletrônico e conceito musical de distorção


Não existe somente o conceito eletrônico de distorção (Muitas vezes inútil aos ouvidos humanos): Há o conceito musical de distorção que é mais útil aos nossos ouvidos. E se essa distorção fosse evidente, então, ao girarmos os botões de graves e agudos do nosso equipamento para mais ou menos já estaríamos distorcendo o sinal, pois não há diferença física entre um sinal original e um amplificado, os níveis matemáticos dos milivolts sobem na mesma proporção. Fala-se dos grandes cuidados que requer o equipamento analógico: Como instrumento, um toca-discos requer afinação mas os benefícios são extremamente compensatórios. O vinil tem visual; o CD não tem. O CD sofre com a corrosão e ataque do fungo Geotrichum: O Vinil é imune à qualquer fungo e oxidação: Uns são mais bem fabricados e demoram mais anos a corroer a camada fina de alumínio refletiva, tanto o industrial (CD WORM - Write Once Read Many) portanto ele é perecível (Uma mídia óptica com a estrutura de um CD pode tanto durar 1 ano como 26 anos) (Os fabricantes de CD-R só conferem 2 anos de garantia atualmente, vide Sony-Phillips comprado na embalagem original); inclui-se aí os DVD's - o mesmo princípio do CD - (Testemunhei ambos os casos, houve teste em vários tocadores). Isto porque há perigo de defeito por corrupção da "reflective layer" (Camada fina refletiva de alumínio protegida pela camada de policarbonato) por fungos ou sua oxidação. O vinil não, sua durabilidade é indeterminadamente longa, dado comprovado, o LP tem mais de 63 anos tocando; não se pode nem falar que um CD tem "durabilidade indeterminada" (Como está escrito nas embalagens da Sony) porque a palavra indeterminada sozinha nada diz e precisa de um complemento, um adjetivo, e o adjetivo "longa" não pode ser sob pena de soar enganoso, já que já aconteceu desta mídia durar apenas 1 (Hum) ano e isso não é "durabilidade indeterminada longa". O mais honesto seria falar-se em "durabilidade imprevisível", já que absolutamente não se pode prever a existência funcional de um CD; há que dizer-se que ouvir um excelente som analógico custa caro (Um mediano nem tanto e com sorte ou acompahamento técnico, comprar usados compensam); um "set" digital é barato; um vinil já falei; um vinil (LP) você ouve até sem eletricidade (só com um cone de papel e uma agulha), o CD não, o vinil é natural, autêntico, o CD é sintético, uma semelhança do que a banda tocou e não um espelho dessa banda, falo do sinal elétrico, no CD esse sinal elétrico é uma simulação da senóide (Senóide é sinal elétrico que traz o som até o CD ou Vinil), é um sinal inautêntico, embora puro; o vinil, quando gravado em processo totalmente analógico, representa o som analógico original e especializado, que é uma cópia verdadeira do som ao vivo, um espelho do som real; o digital é uma cópia do analógico (E como já disse nem cópia pode ser - É uma semelhança já que não reproduz matematicamente exatos os níveis que formam o sinal elétrico); e ainda uma vez que, obrigatoriamente, microfones são analógicos (não existe microfone digital) e há que haver a famigerada conversão de eletricidade em posições de chaves dentro de memórias "flip-flop", traduzindo, conversão de eletricidade em dados, em informações eletro-mecânicas a serem retiradas dali no momento certo. E finalmente, o harmônicos de um vinil chegam a níveis ultrassônicos, segundo a engenheira em ciências da computação Australiana Christine Tham - Vide blog http://sonsultrassonicosnolp.blogspot.com/ - O que simplesmente não existe no CD ou em qualquer outra mídia digital. E fazendo uma metáfora divertida, mas bem séria, o Vinil é como gasolina: Depende do "motor" (Toca-disco e cápsula), já o CD nem tanto, não depende tanto do tocador para exibir sua pureza de som e suas qualidades, pois o upsampling não melhora o CD já que "do nada nada se tira" (Nilhil nilo fit), ou seja, não se pode tirar de onde não há.

4 - Do ponto de vista sociológico: A imagem outrora deturpada do disco de vinil


Do ponto de vista sociológico, não faltam preconceitos e abordagens parciais, extremamente subjetivas, como se a sociedade não fosse plural e todos devessem sempre caminhar para um único lugar. Como se não fosse permitida a diversidade. E o mais impressionante: Como se o universo da questão fosse só o Brasil, como se tudo que ocorre e ocorreu no Brasil fosse obrigatoriamente válido para o resto do mundo, num flagrante e despudorado etnocentrismo. Tentarei, neste texto, em várias etapas, abordar, além da parte técnica, os pontos de vista mais comuns, assim como também os preconceitos.

5 - O CD é uma 'fidelidade' de aparência por semelhança, enquanto o vinil é fidelidade de essência, pois o sinal que o forma é matematicamente perfeito


O CD pretende uma fidelidade de aparência por semelhança; o vinil é fidelidade de essência, pois o sinal é matematicamente perfeito. No CD há um exemplo do sinal, uma semelhança da realidade, que não se pode chamar de cópia, pois a cópia é "Algo quase igual", enquanto o semelhante é apenas "parecido". No sulco do vinil, há um espelho do sinal elétrico, que por sua vez, é um espelho do som real, é matematicamente perfeito em seu sinal, como já afirmei. E finalmente, na vida, não existe o silêncio absoluto: O silêncio absoluto só existe no CD (!), razão porque o LP se assemelha ainda mais nesse ponto à realidade do som. Uma orquestra sinfônica ou uma banda, não tocam só para você: Tocam para uma platéia, e há ruídos, que, nem por isso, prejudicam a fidelidade do som. (Índice no final) 1. Introdução aos conceitos analógico e digital Costuma-se falar em "som analógico" e "som digital". O primeiro termo é correto, uma vez que significa som análogo ao real, ao original; e é utilizado no tema para corresponder àquele som que não sofre nenhum processo ligado à computação de dados. Já o termo "som digital" é incorreto, uma vez que nossos ouvidos só podem ouvir som real - Presente no ar - Ou o som analógico ao real - Aquele que foi "fabricado" a partir do real. Ou seja: só podemos ouvir ou o som ao vivo, real, original - uma banda, por exemplo, ou aquele que foi fabricado e posto dentro de uma mídia: discos, fitas e memórias digitais. Nosso ouvido, como é analógico (Processo mecânico - Bigorna, estribo e martelo e células ciliares) não pode escutar zeros e uns. Nesse passo, já poderíamos concluir o seguinte: o máximo que poderíamos fazer para não estragar o som real alterando suas características originais seria no máximo analogizá-lo, pois isso já seria a primeira cópia. A digitalização é cópia de cópia, pois a digitalização não pode ser obtida diretamente da gravação, vez que o microfone não transforma som em zero e um. Ou seja: no processo de gravação analógica nós temos o som ao ar livre sendo captado por um microfone (Processo analógico), armazenado no LP ou fita magnética (Produto final) e depois reconvertido em som ao ar livre novamente, através de alto-falantes. No processo de gravação digital, temos o mesmo processo acrescido da fase digital para depois retornar à fase analógica e assim poder ser ouvido, finalizando novamente o ciclo com o processo analógico. Em suma: no processo analógico temos 'som ao ar livre' - 'analogização (Microfones)' - 'transformação em som ao ar livre'. No segundo processo temos 'som ao ar livre' - 'analogização (microfones)' - 'digitalização (Conversor analógico digital - CAD ou ADC em inglês)' - 'transformação em som ao ar livre' (CDA ou DAC, em ingês). Como se vê, o processo digital é cópia de cópia e depende totalmente do processo analógico, já que qualquer transformação de energia mecânica (Som) em energia elétrica só pode ser feita utilizando-se dispositivos de eletrônica analógica, e não digital. (Cópia de cópia porque primeiro transformamos as ondas sonoras físicas em eletricidade (Transdução do real a sinal elétrico analógico) para depois fazer-se uma cópia final analogizada (Master), que pode ser uma fita de duas polegadas rodando a 30 ips [Inch per second ou polegadas por segundo] ou um máster digital [DVD-A, SACD, etc.], isso sem deixar de frisar que metade dos bytes está no CD (Ou outra midia digital), e outra metade, na leitora, no momento da leitura e analogização, pois o sinal final não pode ser pulsátil, tendo que ser contínuo, sendo que é a leitora e o diodo fotovoltaico é que suprem essa etapa final na conversão dos dados ópticos do CD para a conversão desses mesmos dados em sinal analógico digitalizado a ser entregue ao amplificador). No vinil isso simplesmente não existe, pois a cápsula fonocaptora "arranca" dos sulcos do vinil um sinal analógico, ou seja, um verdadeiro sinal elétrico de variação contínua (E não um monte de dados) e o entrega ao Amplificador ou Receiver já como eletricidade pura sem precisar passar por nada de conversão, para a de-emphase pelas  normas da RIAA. Nesse momento de captura e transformação em eletricidade das formas dos sulcos, estes registros dos sulcos estão gravados em "emphase" que é apenas um reposionamento das freqüências mais graves representadas ali mecanicamente nos sulcos, para a posterior de-emphase, na entrada pré-amplificada de phono ou pré-de-phono, simplesmente, onde é feita a "elevação" dos graves para o nível do máster. Foi um método adotado por todas as gravadoras para fazerem caber no vinil o máximo de música possível. Emphase do sinal analógico e posterior de-emphase não distorcem o sinal, pois apenas acomodam de modo ideal as freqüências a serem transferidas ao amplificador, jamais transformando o puro sinal analógico em outra grandeza física, como a informatização ou simplesmente a memorização em dados, lembrando que dado não é sinal elétrico, é modo de informação. Dessa forma, a gravação em LP jamais distorce um sinal sonoro. E por fim: Como é que se pode comparar um inteiro com pedaços? Como é que se pode comparar algo que retira com algo que acrescenta? Porque eu trocaria o "inteiro" pelo "meio", significado de metade?